18 de novembro de 2011

Pais, são seres sábios que guardam na manga a incrível capacidade de ter a palavra certa no momento certo. Podem ter também as coisas erradas, mas certamente saberão te dar a mão quando você já esqueceu de pedir socorro. É o braço forte, o ombro amigo. É a certeza do momento incerto. São aqueles que te amarão quando você nem lembra o que é amar, antes mesmo de ser você. São meus, seus, certamente todo mundo tem os seus. Ame-os, abrace-os, retribua o primeiro (e talvez o únco) amor incondicional que alguém tem por você.
E antes era tudo simples, eu não sabia, achava aquilo o máximo, o auge da fantasia. E você chegou de mansinho, ressurgiu de um passado já quase distante. Do banco do motorista eu te olhava e sabia que já estava apaixonada. Sabia que era o teu sorriso que me faria sorrir, o teu abraço que afastaria a tristeza. E era. Era o melhor de tudo que estava por vir.
Só o tempo nos traz aquela paz sábia, de quem já viu muito e pode esperar pacientemente pelo que ainda há de vir. Pelo novo na esquina.

15 de outubro de 2010

Aonde foi?

Aonde foi que eu me perdi?
Dobrei a esquina, pisquei os olhos, dormi no ponto.
Não sei. Mas me perdi.
De mim.
No momento acho mais fácil encontrar lugares distante no mapa, do que achar uma rota pra mim mesma.
Fiz tudo errado. Tudo o que prometi nunca fazer.
Prometi não esquecer de ninguém, não sumir, não deixar de fazer as coisas, mas paguei minha língua e fiz tudo o que disse que não faria.
Para tudo dá-se um jeito, mas não queria que tivesse sido assim.
Me perdoem todos aqueles a quem menti, todos aqueles a quem esqueci, não, não esqueci, pois quem esquece não lembra mais, mas todos aqueles que deixei de lado.
Prometo tentar me redimir.
Espero que me entendam, que aceitam as desculpas, mas que principalmente: me aceitem de volta.
Afinal, o bom filho a casa torna!

18 de maio de 2010

E eis que depois de uma tarde de "quem sou eu" e de acordar à uma hora da madrugada em desespero. Eis que às três horas da madrugada acordei e me encontrei.Fui ao encontro de mim. Calma, alegre, plenitude sem fulminação.Simplesmente, eu sou eu, você é você.É livre, é vasto, vai durar.Eu não sei muito bem o que vou fazer em seguida mas, por enquanto, olha pra mim, e me ama! Não! Tu olhas pra ti e te amas.É o que está certo.



Clarice Lispector

10 de maio de 2010

Só ele...




Eu não sei o que ele tem mas eu amo o jeito que ele faz.

O jeito como os olhos castanho escuros dele me olham, e olham lá dentro.

A forma como os dedos dele percorrem meu corpo, tão sutilmente.

O modo como os lábios dele se encaixam no meu.

O encaixe perfeito do seu abraço nos meus braços.

E como os meus dedos correm por entre os seus cabelos.

É de um jeito que eu jamais imaginei, nem nos meus sonhos, nos meus planos havia sido tão bonito.

O modo como ele me acorda todas as manhãs, a sua timidez e principalmente o modo como ele me faz me sentir especial, todos os dias e sempre que pode.

13 de abril de 2010

NÃO QUERO SER BAIANO

Me chamo Elilson Cabral, sou de uma pequena cidade no interior do Rio Grande do Sul, chamada Capão da Canoa, e estava cansado em ouvir falar dos baianos e de sua “Vasta Cultura”. Não suportava mais ouvir nos veículos de comunicação o quanto a Bahia era perfeita, suas praias paradisíacas, seus artistas infindos, cansei de ouvir: Baiano não nasce, estréia. Olhava pro rosto do povo Rio Grandense e via neles tanto ou mais “cultura” que nos baianos, a Bocha, a Milonga, a Guarânia, o chimarrão e não só as danças, ritmos ou indumentárias, mas toado sentimento que exalava do nosso cotidiano. “Cultura”, isso nós tínhamos, e tínhamos mais e melhor, afinal o que o mundo via na Bahia que não via em nós? Resolvi então descobri o que é que a Bahia tem. Tirei dois anos da minha vida para conhecer a Bahia e toda sua “Cultura”, para poder mostrar pra o Brasil que existimos e que somos tão bons quantos qualquer outro brasileiro. No dia 03 de Outubro de 1999 desembarquei no aeroporto Luiz Eduardo Magalhães, e logo de cara ao contrario de baianas com suas roupas pomposas e suas barracas de acarajé, dei de cara com um taxista mal humorado porque tinham lhe roubado o aparelho celular, começava então minha árdua luta pra provar que baiano como qualquer um outro brasileiro nascia de um ventre e não de traz das cortinas. Alguns quilômetros à frente já estava tentando arrancar do taxista as informações que podessem servir de base para minhas teorias, afinal eu precisava preencher uma serie de lacunas sobre os baianos e suas “baianíces”. Seu Ivo, era como se chamava o simpático taxista falava sem parar, com uma voz de ritmo pausado e sem pressa para me explicar, ia ele contando-me toda historia de salvador e sua política:- Ah! Essa política é uma “fuleiragem”, é sempre eles nos roubando e agente votando nos mesmo sacanas que nos roubam.Me chamou a atenção como ele não media palavras para definir os seus governantes. Mas até então nada na Bahia me encantara, nada de magia, nada de beleza. Chegando no hotel onde ficaria durante esse período fui então programar minhas estratégias e resolvi logo ir ao local mais badalado da Bahia, O pelourinho. Chegando no bairro mais uma vez nada de surpresa, casas antigas, pessoas e cabelos, trançados, espichados, alisados, pintados, enfim, coisas da Bahia. Senti um cheiro muito forte de dendê (ao menos eu achava que era dendê), nunca sentira aroma igual. Então avistei numa varanda pequena uma senhora e duas crianças que brincavam de aprender a fazer acarajé, parei e fiquei olhando tentando colher informações para meu “dossiê”. - Entra seu moço!Foi o que logo ouvi, meio sem jeito fui logo pra perto do fogão, o cheiro era cada vez mais forte e envolvente. - O senhor quer uma? - Claro!Ia perder a oportunidade de comer a iguaria baiana mais famosa e poder dar meu parecer a respeito? Jamais. Dei a primeira mordida e sentir-me como se tivesse numa fornalha, aquilo queimava, ardia e pasmem era muito gostoso, tentava parar de comer, mas quanto mais tentava mais me lambuzada com aquele recheio que eles chamavam de VATAPÁ. Delicioso!Enfim a Bahia tem algo de bom, mais é isso que encanta na Bahia? Bem vou encurtar minha historia para que vocês leitores dessa revista não fiquem entediados. Passei dois anos viajando por toda Bahia, suas praias paradisíacas, ouvindo e vendo seus artistas, e saboreando de sua cultura e consegui chegar a um denominador comum, consegui alcançar o tanto procurava. Enfim os baianos não são melhores que nós Gaúchos, na realidade somo até mais civilizados que eles, porém, uma coisa nesses dois anos me chamou a atenção, vou dizer-lhes qual foi. Ao voltar para minha linda cidade no interior do Rio Grande do Sul sentir-me como se estivesse pousado no meu planeta, e logo escrevi um artigo pra uma revista falando da minha “descoberta” e depois de publicada fique de bem comigo mesmo e com minha terra, agora sim estou leve. Agora sim? Ainda não! Passei os meus dias tentando entender porque sentia tanta falta da Bahia, porque sentia falta de meu vizinho Dorgival, do rapaz que passava vendendo sacolé, do João da barraca de água de coco, meu Deus porque esse vazio? Foi então que descobri o que é que a Bahia tem. Sem pretensão de ofender os meus, digo-lhes que, jamais verei nos sorrisos gaúchos a beleza da sinceridade baiana, jamais sentirei nas percussões de cá o pulsar dos meninos negros de pés descalços que “oloduavam” sem ter medo da dureza futura, jamais terei no abraço de meus parentes o calor que sentia ao ser abraçado pela vendedora de cocada de araçá que toda tardinha teimava em insistir pra que eu comprasse mais uma, jamais sentirei nos territórios daqui o cheiro de dendê, puxa o dendê que nem mesmo sabia o seu cheiro e o reconheci assim, de pronto, queridos conterrâneos, na nação de lá eles andam descalços mesmo os adultos e não é por não terem calçados, eles gostam de viver assim, a chuva não é apenas suprimento e fartura, é diversão, quantas vezes corri pela chuva com o André, filho de Dna Zete, seguindo o caminho que ela fazia no meio da calçada. Amigos, naquela nação os cabelos são como roupas, as roupas são como armas e as armas são os instrumentos, que levam uma multidão para uma batalha que dura 7 dias e que sempre acaba em vitória para ambos os lados, uma cabaça é motivo de festa, um fio de arame motivo pra luta (de capoeira), dois homens juntos é motivo pra samba, pagode, e festa. E pasmem queridos patrícios, eles trabalham, e muito, no tabuleiro de cocada, na frente de um volante, com uma baqueta nas mãos, trabalham sim. Não quero ser baiano! Sou gaúcho! Sou brasileiro! Mas nunca imaginei que conheceria um Brasil que jamais pensei achar exatamente na Bahia, exatamente lá, do outro lado, na outra nação.. Não quero me separar deles, não quero perder o direito de dizer que sou brasileiro e que tenho a Bahia como pedaço de mim. Não quero ser baiano, mas mesmo assim não consigo não ser. Jamais saberia que seria necessário ir a Bahia para conhecer o Brasil.

Elilson Nunes Cabral Filho
Jornalista
Março de 2002

p.s.: Por que eu não teria dito melhor!